{Desafio da semana — 27 de Janeiro de 2021}
Imagem: etiquipedia.blogspot.com
O amor é uma carta adiada
Edward e Florence estavam a meio do jantar. Até aqui a conversa tinha sido cerimonial. O dia voou rápido. Os nervos que tinham tomado conta dos seus corações. Os receios que lhes atravessaram a mente. Tudo isso tinha ficado para trás. O dia do seu casamento esfumou-se naquilo que agora seriam memórias e fotografias. Tinham o futuro, uma história para viver, para fazer acontecer.
A noite. A noite de núpcias tão perto e eles ainda tão longe um do outro.
Florence pensava no seu simultâneo desejo de fugir e ficar presa à cadeira. Como seria o amor de Edward? Iria amá-la na saúde e na doença conforme prometera perante a Cruz? Mesmo perante a dor calada lá no fundo e que escondia desde sempre, tinha vontade de lhe perguntar: Vais amar-me para sempre? Mas manteve-se em silêncio.
A mãe sempre lhe ensinara que uma menina de bom tom devia ser recatada e educada. Tinha tanta vontade de fazer perguntas, de lhe transmitir os seus receios, de lhe dizer que queria amor e segurança, abraços e palavras bonitas ao ouvido. Flores, muitas flores. Mas vinha a mãe lembrar-lhe…
Edward olhava para a pele perfeita de Florence, os seus olhos negros. Sabia-se completamente apaixonado. Mas, o que conhecia realmente da sua noiva virgem?
Pouco os deixaram viver, conhecer-se, nunca sozinhos. O casamento logo a seguir à Universidade.
E agora, ali, a sós, a iniciar a vida de casados, a consumação do casamento a um passo e o silêncio cerrado entre os dois. Parecia um muro intransponível. Se calhar devia ter-lhe escrito um poema, mas os versos sairiam em branco.
Deveria contar-lhe que o seu amor seria para sempre, mas sem certezas, porque o amor é uma carta fechada, com sofrimento e janelas que se cerram e descerram.
O amor é um segredo sozinho, onde vivem todas as emoções. No amor tens que já ser completo para o outro só te acrescentar.
Tudo lhes escapa, lhe foge, lhes pertence.
Florence olhava já a varanda do quarto, com a esperança ao fundo, embalada pelas ondas do mar. Seria a noite mais longa da sua vida.
Levantaram-se quase ao mesmo tempo e dirigiram-se em silêncio para o quarto, olharam um para o outro e demorou o beijo que a boca pedia.
— Meu amor, eu não tenho certeza, tenho medo!
— Meu amor, a nossa carta ainda está fechada!
E deram o passo da coragem.
A noite. A noite de núpcias tão perto e eles ainda tão longe um do outro.
Florence pensava no seu simultâneo desejo de fugir e ficar presa à cadeira. Como seria o amor de Edward? Iria amá-la na saúde e na doença conforme prometera perante a Cruz? Mesmo perante a dor calada lá no fundo e que escondia desde sempre, tinha vontade de lhe perguntar: Vais amar-me para sempre? Mas manteve-se em silêncio.
A mãe sempre lhe ensinara que uma menina de bom tom devia ser recatada e educada. Tinha tanta vontade de fazer perguntas, de lhe transmitir os seus receios, de lhe dizer que queria amor e segurança, abraços e palavras bonitas ao ouvido. Flores, muitas flores. Mas vinha a mãe lembrar-lhe…
Edward olhava para a pele perfeita de Florence, os seus olhos negros. Sabia-se completamente apaixonado. Mas, o que conhecia realmente da sua noiva virgem?
Pouco os deixaram viver, conhecer-se, nunca sozinhos. O casamento logo a seguir à Universidade.
E agora, ali, a sós, a iniciar a vida de casados, a consumação do casamento a um passo e o silêncio cerrado entre os dois. Parecia um muro intransponível. Se calhar devia ter-lhe escrito um poema, mas os versos sairiam em branco.
Deveria contar-lhe que o seu amor seria para sempre, mas sem certezas, porque o amor é uma carta fechada, com sofrimento e janelas que se cerram e descerram.
O amor é um segredo sozinho, onde vivem todas as emoções. No amor tens que já ser completo para o outro só te acrescentar.
Tudo lhes escapa, lhe foge, lhes pertence.
Florence olhava já a varanda do quarto, com a esperança ao fundo, embalada pelas ondas do mar. Seria a noite mais longa da sua vida.
Levantaram-se quase ao mesmo tempo e dirigiram-se em silêncio para o quarto, olharam um para o outro e demorou o beijo que a boca pedia.
— Meu amor, eu não tenho certeza, tenho medo!
— Meu amor, a nossa carta ainda está fechada!
E deram o passo da coragem.
Patrícia Soler
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