{Desafio da semana — 18 de Janeiro de 2021}
Ilustração: Riccardo Bonfadini
A próxima pandemia será o plástico
«Países com infraestrutura insuficiente para lidar com gestão de lixo e reciclagem estarão pouco equipados perante volumes crescentes de lixo plástico» — Lisa Beauvilain, diretora de sustentabilidade da Impax Asset Management. «Estamos, literalmente, a afogar-nos em plástico», acrescentou.
Desde 1950 o mundo produziu 6,3 bilhões de toneladas de lixo plástico e 91% disso nunca foi reciclado, segundo a revista científica Science. Parece que acabou o sonho da reciclagem. A frase pode parecer dura ou exagerada, mas nunca esteve tão perto do fim da redução da reconversão do plástico.
Todos sabemos, por vários meios, o impacto do plástico no nosso planeta. Já todos vimos imagens chocantes ou lemos números impressionantes. Este impacto aumentou de forma gigantesca com a pandemia que vivemos. Há uma corrida ao plástico e um acrescento de consumo de bens como embalagens, luvas, batas, máscaras e viseiras. Como nada disto pode ser reciclado, o seu destino é o lixo.
Resumindo, o plástico é um major problem ambiental, e com a pandemia a situação piorou bastante porque:
— aumentou a procura
— alteração de preços nos plásticos reciclados e não reciclados
— aumentou a produção de lixo plástico
A alteração dos preços, sendo que o plástico reciclado está mais caro que o plástico não reciclado, advém do facto do petróleo ser um bem muito menos procurado, devido à desaceleração da economia. O problema agora é que a luta para baixar os resíduos de plástico na Europa poderá ser milhões de dólares mais cara a cada ano.
Antes, a opção mais sustentável era também a mais económica. No entanto, segundo especialistas, é agora mais barato para os grandes fabricantes utilizar plástico novo. Resta saber que grandes multinacionais vão querer continuar a ter práticas sustentáveis. Resta saber o que vai falar mais alto, o Planeta ou o lucro da empresa. Parece-me, do que tenho apreciado até agora, que o lucro falará sempre muito mais alto, salvo raras excepções.
A Humanidade acha-se poderosa na sua insignificância, não pensa no futuro dos recursos naturais e age consequentemente visando sempre o lucro a curto prazo e não a diminuição da pegada ambiental ou do prolongamento do nosso bem mais precioso — a Natureza.
Temos muitos exemplos de como o lucro se sobrepõe à Mãe Terra, o que não significa que não haja, também, muitas tentativas de utilizar beneficamente os recursos. No entanto, esta pandemia veio-nos mostrar o quando a Humanidade é incauta, inconsequente e egoísta, com os outros e até consigo mesma.
Patrícia Soler
Fontes:
meuresiduo.com
executivedigest.sapo.pt
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