{Desafio da semana — 27 de Abril de 2020}
A caixa mágica
Dia da mãe, nove horas da manhã.
«Mãe, sabes que hoje é Dia da Mãe? Tenho dois presentes para ti.»
Olho para o formato tosco da caixa feita pelas suas pequenas mãozinhas. Fez umas dobras num papel branco e tentou fazer sair dali uma caixa à “sua maneira”. Foi toda decorada com amor e papéis e laços. Dentro da caixa, várias folhas pequenas, coloridas, e uma caneta mágica.
«É para fazeres os teus poemas para o Clube de Letras!»
O meu coração explodiu. Parou. E depois voltou a bater muito.
Os olhos encheram-se de lágrimas e depois fiquei feliz, feliz, tão feliz como não ficava há muito.
Ela, pequenina, inocente nos seus seis anos, mas sempre atenta, já reparou no meu amor aos livros, aos cadernos, às folhas de papel e à escrita. Talvez porque estejam espalhados por toda a minha vida. Não há um local onde euvá que não leve um livro, um caderno e uma caneta. E as agendas... várias...
Olha-me sentada na secretária antiga, cheia de livros, folhas e apontamentos. Sabe-me sempre rodeada de cadernos mas nunca me tinha visto tão dedicada à escrita. Era um gosto, um desabafo apenas, que não saía da secretária. Escrevia para mim e guardava o caderno. Confessava coisas minhas que ninguém lia.
Ernest Hemingway escreveu: «Dizem que as sementes daquilo que havemos de realizar se encontram já todas dentro de nós.»
Deve ter sido isso, semente guardada e bem escondida até ao momento. Tudo tem o seu momento.
Mais do que pensar na escrita, gosto do processo de pesquisa, procurar, ler, conhecer, anotar, saber das pessoas e das coisas. Saber do passado e presente. Saber a vida e a obra. As dores e os amores.
Mais do que pensar, gosto de ver nas folhas do caderno as notas, as cores, os tópicos, as ideias, as datas e os locais.
Do que gosto ainda mais é de escrever e reescrever tudo à mão. E guardar tudo, muito, muito bem organizado.
Gosto de escrever ao Domingo, ao final da tarde, rodeada dos meus livros e cadernos escritos.
Gosto de ser interrompida várias vezes pela chamada «Mãe, Mãe, oh Mãe».
Olho para as minhas notas, penso nas páginas que fui conseguindo ler durante a semana, lembro-me do que vivi, do que senti, de quem conheci e escrevo...
«Mãe, sabes que hoje é Dia da Mãe? Tenho dois presentes para ti.»
Olho para o formato tosco da caixa feita pelas suas pequenas mãozinhas. Fez umas dobras num papel branco e tentou fazer sair dali uma caixa à “sua maneira”. Foi toda decorada com amor e papéis e laços. Dentro da caixa, várias folhas pequenas, coloridas, e uma caneta mágica.
«É para fazeres os teus poemas para o Clube de Letras!»
O meu coração explodiu. Parou. E depois voltou a bater muito.
Os olhos encheram-se de lágrimas e depois fiquei feliz, feliz, tão feliz como não ficava há muito.
Ela, pequenina, inocente nos seus seis anos, mas sempre atenta, já reparou no meu amor aos livros, aos cadernos, às folhas de papel e à escrita. Talvez porque estejam espalhados por toda a minha vida. Não há um local onde euvá que não leve um livro, um caderno e uma caneta. E as agendas... várias...
Olha-me sentada na secretária antiga, cheia de livros, folhas e apontamentos. Sabe-me sempre rodeada de cadernos mas nunca me tinha visto tão dedicada à escrita. Era um gosto, um desabafo apenas, que não saía da secretária. Escrevia para mim e guardava o caderno. Confessava coisas minhas que ninguém lia.
Ernest Hemingway escreveu: «Dizem que as sementes daquilo que havemos de realizar se encontram já todas dentro de nós.»
Deve ter sido isso, semente guardada e bem escondida até ao momento. Tudo tem o seu momento.
Mais do que pensar na escrita, gosto do processo de pesquisa, procurar, ler, conhecer, anotar, saber das pessoas e das coisas. Saber do passado e presente. Saber a vida e a obra. As dores e os amores.
Mais do que pensar, gosto de ver nas folhas do caderno as notas, as cores, os tópicos, as ideias, as datas e os locais.
Do que gosto ainda mais é de escrever e reescrever tudo à mão. E guardar tudo, muito, muito bem organizado.
Gosto de escrever ao Domingo, ao final da tarde, rodeada dos meus livros e cadernos escritos.
Gosto de ser interrompida várias vezes pela chamada «Mãe, Mãe, oh Mãe».
Olho para as minhas notas, penso nas páginas que fui conseguindo ler durante a semana, lembro-me do que vivi, do que senti, de quem conheci e escrevo...
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