{Desafio da semana — 20 de Abril de 2020}
Arranjo em Cinza e Preto n.º1 ou Retrato da Mãe do Artista (também conhecido como A Mãe de Whistler), de James McNeill Whistler
A Velha e o Tempo
Nasce num pequeno lugar, lá para as bandas de Coimbra, em Dezembro de 1930.
Filha de pais que trabalhavam as terras, tinha por companhia um irmão e três irmãs.
Sempre viveu com pouco. Ela mesma nunca pediu nada.
Casou nova, teve um filho e uma vida árdua. Muitas dificuldades e poucas, muito poucas mordomias. Nunca soube o que eram férias, festas ou fins-de-semana.
O tempo passou e nunca se lamentou.
No tempo perdeu o pai e o irmão. O tempo deixou-a viúva, e ela nunca se lastimou.
Mulher com rugas profundas, na pele e no coração. Mulher de força e emoções.
A voz sempre meiga e o coração gigante porque todos cabem lá dentro.
Sempre presente em todos os nossos tempos.
Nunca correu para nenhum lado à procura de nada, sempre andou na sua cadência e na alternância constante entre o dever e o repouso.
O tempo foi passando e surgiu a velhice, que lhe concedeu ainda mais tempo.
Mãe, avó e bisavó, conseguiu ter o seu tempo e mais ainda para os outros.
E transformou-o em tanta coisa.
Tudo na sua vida se resume agora a tempo.
Os amores e ódios que viveu são tempo. As situações graves que superou são tempo.
A dor que sente transforma todos os dias o tempo em mais tempo.
O seu sorriso e olhar matreiro fica no tempo.
Mesmo as sombras que lhe assolam a memória são tempo.
O medo, transforma-o em vida e a vida em tempo. Porque a vida é tudo menos segura e ou se vive ou se morre. Continua a viver sem lutar contra ela. Porque a vida é um acto de amor.
E o amor nasce no tempo, cresce com o tempo e quando é amor de verdade fica para a eternidade.
Esperar pela eternidade não é perda de tempo para quem não tem medo do vazio.
E na eternidade não há tempo com princípio e fim. Tudo é tempo infinito e interminável.
Sempre viveu com pouco. Ela mesma nunca pediu nada.
Casou nova, teve um filho e uma vida árdua. Muitas dificuldades e poucas, muito poucas mordomias. Nunca soube o que eram férias, festas ou fins-de-semana.
O tempo passou e nunca se lamentou.
No tempo perdeu o pai e o irmão. O tempo deixou-a viúva, e ela nunca se lastimou.
Mulher com rugas profundas, na pele e no coração. Mulher de força e emoções.
A voz sempre meiga e o coração gigante porque todos cabem lá dentro.
Sempre presente em todos os nossos tempos.
Nunca correu para nenhum lado à procura de nada, sempre andou na sua cadência e na alternância constante entre o dever e o repouso.
O tempo foi passando e surgiu a velhice, que lhe concedeu ainda mais tempo.
Mãe, avó e bisavó, conseguiu ter o seu tempo e mais ainda para os outros.
E transformou-o em tanta coisa.
Tudo na sua vida se resume agora a tempo.
Os amores e ódios que viveu são tempo. As situações graves que superou são tempo.
A dor que sente transforma todos os dias o tempo em mais tempo.
O seu sorriso e olhar matreiro fica no tempo.
Mesmo as sombras que lhe assolam a memória são tempo.
O medo, transforma-o em vida e a vida em tempo. Porque a vida é tudo menos segura e ou se vive ou se morre. Continua a viver sem lutar contra ela. Porque a vida é um acto de amor.
E o amor nasce no tempo, cresce com o tempo e quando é amor de verdade fica para a eternidade.
Esperar pela eternidade não é perda de tempo para quem não tem medo do vazio.
E na eternidade não há tempo com princípio e fim. Tudo é tempo infinito e interminável.
Patrícia Soler
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