Arkwright's Cotton Mills by Night, de Joseph Wright (1782–3)
Entre os anos de 1782 e 1783, o pintor Joseph Wright completou esta obra que se tornou num símbolo da revolução industrial. Nela, vemos as então recentemente construídas fábricas de algodão de Sir Richard Arkwright, o inventor da máquina de fiar. As janelas iluminadas sob o céu nocturno dizem-nos que, ali, trabalha-se também de noite. Estas unidades de produção de dimensões nunca antes vistas inauguravam uma nova era de algodão produzido rapidamente, 24 horas por dia, a baixo custo. Uma nova era de trabalho em abundância. Uma nova era de trabalhadores explorados e esgotados em abundância, a baixo custo. E toda uma nova engenharia da poluição.
Parece estarmos condenados a associar aos nossos grandes feitos grandes defeitos. Leonard Cohen apresenta-nos a questão ao contrário: sim, tudo tem defeitos, mas os defeitos iluminam, tanto quanto as janelas das fábricas rompem a escuridão das noites.
«Ring the bells that still can ring
Forget your perfect offering
There is a crack, a crack in everything
That's how the light gets in»
Digam-me vocês: as vossas janelas servem para deixar a luz entrar ou sair?
Está lançado o desafio desta segunda-feira.
Boas escritas!
Ana Marta Ramos
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